terça-feira, 27 de novembro de 2007

Seria a Ditadura novamente a solução?

Em 1651 Thomas Hobbes publicava sua obra LEVIATÃ, em que apresentou sua visão do Estado, segundo ele em um estado de natureza existe uma guerra de todos contra todos que torna a vida “asquerosa, brutal e breve”.Não existe propriedade, justiça ou injustiça, somente a guerra. Para livrar-se desses males os homens precisariam se organizar em comunidades, cada qual submetida a uma autoridade central. Um contrato social entre os homens e o Estado põe fim à guerra universal. O desejo dos homens de dominarem uns aos outros impede outra forma de organização. Os homens, afirmava Hobbes, não sabem cooperar como as abelhas. As abelhas não competem, não desejam honrarias, não usam a razão para criticar o governo. Para os homens essa união natural é impossível, só pode ser obtida artificialmente, atrvés de um contrato social em que todo o poder é conferido a um homem ou assembléia. Escolhido esse governo, cessa aí o poder político dos cidadãos. Não pode haver rebeliões, pois elas apenas conduzem os homens ao caos do estado de natureza.

Hoje em pleno ano 2007 ouço muitas pessoas diante do caos em que se encontra a sociedade brasileira, principalmente diante das cenas de guerra urbana vividas em minha cidade o Rio de Janeiro e de toda a corrupção amplamente difundida em Brasília, apoiarem e torcerem pela volta do regime militar.Penso que apoiar a volta do Regime Militar é um atestado de incompetência do nosso próprio povo, será que nosso povo só consegue viver sobre o comando absoluto, de um só soberano como pregava Hobbes há 4 séculos atrás? Será que não somos capazes de exercer nossos direitos democráticos? As vezes quando vejo imagens de jovens se matando,e pessoas virando noites e lutando com a polícia por causa de um jogo de futebol, fico imaginando como seria bom se tivessem essa disposição para protestar e reivindicar por mais respeito e lisura por parte dos governantes, para enfrentar as injustiças sociais, lutar por hospitais e escolas melhores, cobrar ações mais eficazes na segurança pública....nossa com certeza seríamos um dos países mais desenvolvidos do mundo, já pensou que se a cada votação onde o interesse do povo fosse posto de lado as pessoas saíssem com suas bandeiras, dando gritos de guerra com o mesmo vigor e dispostas a irem até as últimas conseqüências como fazem nos jogos de futebol. Ah como seria magnífico nosso país! Mas é mais fácil querer uma ditadura, assim se transfere toda a responsabilidade que temos como "povo" que é a verdadeira "nação" em um Estado democrático, para as mãos dos ditadores e qualquer coisa que der de errada a culpa vai ser "deles" e não nossa. Afinal quando vemos os políticos fazendo tanta coisa de errada lembramos que votamos neles e nos sentimos culpados. Com a ditadura podemos nos livrar desse peso, dessa responsabilidade, tudo de cairia na culpa de um só, um líder que eximiria o povo dessa maléfica responsabilidade. E aí o brasileiro poderia voltar a viver seus tempos de paz, vendo sua novela sem muitos assuntos polêmicos que poderia incomodar as famílias de bem desse país, assistindo seu jogo de futebol em sua casa, com nossa seleção triunfante diante de propagandas fantásticas, continuando a acreditar que o “Brasil é o país do futuro”, e esperando o salvador que nos livrará de todas as nossas mazelas.

Eu sei ainda não aprendemos a viver em uma democracia. Claro que no nosso caso isso é muito difícil, somos um povo fabricado para ser dominado desde a colonização, somos levados a acreditar que é melhor ser um lavador de pratos no E.U.A do que um professor no Brasil, temos a corrupção enraizada em nossas instituições e um povo complacente com ela, uma política de educação determinada pelo Banco mundial que prioriza o ensino profissionalizante para se fabricar apenas trabalhadores e não pensadores que possam contestar o modelo vigente. Mas não podemos desistir novamente, hoje temos o poder da informação em nossas mãos, a Internet é um dos veículos mais democráticos que temos acesso, só nela um reles estudante morador do subúrbio Carioca conseguiria registrar seus pensamentos e deixá-los disponíveis para serem lidos por milhões de pessoas, e é justamente em nós que temos o “acesso”, que temos a “informação”, que paira a responsabilidade de usá-los para alertar quem não os têm, para mostrar que não devemos desistir de sermos uma nação soberana representada pelo seu povo, para lembrar que devemos aprender com os erros e cada vez vamos nos aprimorando mais, nessa estranha forma de viver chamada democracia!

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