terça-feira, 27 de novembro de 2007

Ofensas a relator da ONU: Pedido de investigação

Apesar de possível punição, deputado não muda ‘uma vírgula’

Ricardo Villa Verde


Rio - Os deputados Marcelo Freixo (PSOL) e Paulo Ramos (PDT), da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa (Alerj), entraram ontem com representação contra Marcos Abrahão (PSL) por quebra de decoro, devido às declarações do deputado contra Philip Alston, relator da Organização das Nações Unidas (ONU). Os dois querem que a Corregedoria da Alerj investigue o caso. Entre as punições previstas, está a cassação do mandato do parlamentar.

Em discursos inflamados na Alerj na semana passada, conforme O DIA mostrou com exclusividade, Abrahão chamou Alston de “veadinho” e “bicha” e criticou grupos de direitos humanos — Alston foi o autor de relatório da ONU criticando a polícia e o governo do Rio. “As declarações comprometem a imagem do Legislativo”, justificou Marcelo Freixo. Para Paulo Ramos, Abrahão não teve cuidado ao discursar no plenário da Casa, usando “palavreado inadequado”.

O corregedor Délio Leal (PMDB) disse que ainda não havia recebido a representação dos deputados. Segundo ele, quando o documento chegar às suas mãos, será aberto processo administrativo para analisar a denúncia. As conclusões serão encaminhadas ao Conselho de Ética da Casa, já que cabe ao órgão definir se houve quebra de decoro. Caso a punição proposta seja a cassação do mandato do deputado, a decisão caberá ao plenário da Alerj.

Marcos Abrahão afirmou que vai aguardar a análise do caso pela Corregedoria. “A Alerj é uma casa democrática. Se eles acham que eu cometi quebra de decoro, é um direito deles, mas eu não entendo assim”, disse ele. O deputado afirmou que não muda “nem uma vírgula” de suas declarações. “Ele (Alston) é veadinho mesmo. Não tem nada que se meter em assuntos brasileiros. Por que não critica os problemas de desrespeito aos direito humanos nos Estados Unidos?”, disse Abrahão, reiterando as críticas ao relator da ONU.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também pediu à Alerj abertura de processo contra Abrahão, por causa das críticas do deputado à presidente da Comissão de Direitos Humanos da entidade, Margarida Pressburger. Ele chamou a advogada de “debilóide”, por ela ter criticado suas declarações contra Alston.

Fonte O Dia Online

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